Eles não obedecem aos paradigmas de uma afinação universal, ou aos ensinamentos institucionálizados, às medidas sonoras controladas por diapasão, como na música estudada. Sobretudo, não repetem uma melodia escrita, porém a música que conservam por tradição oral, sujeita portanto a todas as contingências do Na estrutura melódica que serve de fundo aos cantares dos violeiros existem sobrevivências advindas do período medieval, época do movimento trovadoresco europeu. Esse movimento surgiu na França e teve duas ramificações, uma no norte e outra no sul, com os Trouvères e os Troubadours,
Gente é hora de falar um pouco sobre a gente também né? Esse post é dedicado em especial a todos que fazem parte da família VIOLA CAIPIRA...
As modas caipiras e o sagrado nasceram juntos nesta terra-de-santa-cruz. Dizem os historiadores que a viola foi trazida para cá pelos jesuítas, o que de início já lhe confere a aura beatificada. Desde os tempos primevos, encontrou guarida naquela gente nova que se miscigenava pela santíssima trindade racial: o índio, o branco e o negro. Nasceu assim, o violeiro em sua mais completa tradução, que de cedo aprendeu a fazer das folias, dos catiras, dos fandangos, dos lundus, dos pagodes, das toadas, dos cururus e dos cateretês uma ópera sertaneja ao Divino, à Mãe do Salvador e aos Santos do cotidiano.
Várias outras pérolas deste gênero de manifestação religiosa chegaram até nós e hoje fazem parte do nosso cantorio. A Bandeira do Divino e Cálix Bento, músicas de domínio público, eternizadas por Ivan Lins e Milton Nascimento, são apenas dois exemplos. Som rural da mais pura cepa!
Mas a moda do violeiro tem o toque do sagrado porque sagrada é a vida do caipira. Coisa que souberam retratar Cornélio Pires e Angelino de Oliveira, pioneiros das modas fonográficas, em cenas lítero-musicais históricas. Sagrado é o chão onde o Jeca-Tatu pisa. Sagrado é o seu jeito de ser. É neste cenário que o profano se santifica e o sagrado se profaniza. Ele canta a sua maneira de levar a vida. Expressa bem esta harmonia paradisíaca a música “Meu céu” dos mineiros Zé Mulato e Xavantinho:
O povo da roça não tem esta pressa de viver que nós temos. Um amigo ilustrou bem: “Nós trabalhamos para comprar o que precisamos para viver depressa. Eles vivem basicamente para fazer o que precisam para viver com calma”. Na roça, seguindo o ritmo das estações, do riozinho e do eterno ciclo da natureza, tudo é devagar. Como devagar também é que se envelhecem e enobrecem, no tempo, os bons vinhos. Como devagar também é que envelhecem e enobrecem, no mato, as boas madeiras com as quais meu se faz boas violas.
Fonte: overmundo.com
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